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terça-feira, junho 11, 2013

Caminho sem atalho

De Kamchatka pra cá, sonhei diariamente com a aurora, que demorou muito para aparecer. Pelo caminho, bastante empatia. No solo de Sierra Maestra, quem pode menos sorri mais. Difícil entender e muito complicado explicar. São vivências que foram guardadas em porta-retratos e lágrimas que caem quando se sabe que é impossível voltar para Thundera.

Proceder de forma equivocada é inevitável. É um absurdo cobrar a perfeição de quem poderá chegar aos 80 anos e não ter aprendido quase nada. Pois muito se aprende nesse planeta, porém o essencial é desaprendido quando se é instruído no secundário. Então, mãos à obra, garoto!

Temi desaparecer mesmo tendo sido encontrado. Não queria o utilitarismo, e o martelo bate maldade no olhar e bastante malícia nos diálogos. Tive que reaprender, encontrar trilhas e construir neurônios resistentes e sagazes. Talvez tenha conseguido e nem me dei conta, ou “se pá”, fui ludibriado e estou achando que está bom.

Mas ainda “tengo los lagos, tengo los ríos, tengo mis dientes pá cuando me sonrío”, e isso evita o consumo de muitas drogas das diversas farmácias da região. Imagina o gasto com remédios, é caro demais, uns dizem que as drogarias são as biqueiras do Estado, mas eu não entendo muito sobre isso.

O legal são as diferenças, contudo, o diferente às vezes é muito parecido. Eu não quero certas coisas, mas não sei o porquê eu desejo coisas que nem preciso. Será que as coisas que eu não preciso trarão algum benefício pra mim? Dizem os comerciais que sim, que eu ficarei mais feliz e bonito, eu acho que isso é mentira.

No caminho até Havana, muitos amigos nasceram. Pessoas que eu nem imaginava conhecer. Alguns gols também foram marcados e a arquibancada sorriu quando eu apareci depois de anos de ausência. Até a ruazinha de lá ficou com ciúme da ruazinha de cá, mas isso é bobagem. Eu gosto das duas.

Ah, Thundera era legal, mas o 3º Mundo também tem seus desafios. E na verdade, é isso que me mantém vivo e reflexivo. Continuo desenhando o caminho, e quando posso, olho para o céu e vejo estrelas, nuvens e um satélite que sobrevive fora do tempo.

2 comentários:

  1. "Proceder de forma equivocada é inevitável. É um absurdo cobrar a perfeição de quem poderá chegar aos 80 anos e não ter aprendido quase nada."
    Seus textos estão cada dia melhor. Parabéns Marquinho!

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