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quarta-feira, janeiro 30, 2013

Subitamente


O breu não é total,
As nuvens tentam apagar a beleza,
Obediente, ela reflete a vida.
A areia permanece calada,
O oceano molha os pés,
As orações exalam da consciência,
E se misturam com o barulho das ondas.
Sorrisos viajam pela eternidade,
E surpreende o faminto,
Que pensa calmamente,
Nas lembranças eternas.
O ódio se decompõe,
A gratidão dança com a água salgada,
Canções de redenção e poesias humanas,
São direcionadas ao Criador do sol.


terça-feira, janeiro 22, 2013

Ao vento


Bonito é anunciar o é nóis,
dizer que ama em Cristo Jesus,
proclamar o tamo junto,
e com ares de guerra, gritar:
se pegar pra um, pega pra geral!
Porém,
nos arames farpados do trecho,
o escafandrista descobre,
quem está todos os dias,
não utiliza jargões!

domingo, janeiro 20, 2013

La Luz


El trueno siembra el miedo en el alma,
las nubes oscuras sofocan los ojos.
Sin color interior, el bello pájaro ya nos es bello,
y los montes verdes ya no traen descanso.
El cuerpo recibe el peso de la pérdida,
y el cerebro, transtornado, sueña con el día fúnebre.
Pero, una Luz que vino de lejos, y que siempre estaba cerca,
trajo una nueva propuesta, mas allá de lo convencional,
mas alla de lo moral y contrario a los ritos.
Dijo que hay un camino escondido por detrás de una pequeña puerta,
y al decidir por esta ruta,
el ágape pateará el miedo del alma y por las ventanas oculares,
será posible alegrarse con la primavera y con las conciones de los pájaros.
Las emociones y los pensamientos descubrirán la harmonía,
y los huesos secos conocerán venas, sangre y tejidos.
Perfecta y extraordinária Claridad!



quarta-feira, janeiro 02, 2013

Miragem


O vento que entrava pela janela do ônibus bagunçava seus cabelos castanhos, que caíam sobre seus olhos e, por alguns segundos, a impediam de ver. Eu fingia que observava a paisagem que beirava a estrada, mas não tirava meus olhos daquele rostinho perfeito.

Olhos claros, pele branca como a neve e sorriso verdadeiro. Caraca, da onde veio essa mina? - seria a pergunta que eu faria ao Magal, caso ele estivesse ali. Eram poucos minutos de viagem e eu teria que bolar um plano rapidamente. O objetivo do dia já não era chegar ao meu itinerário, isso já não era tão importante. A meta era conversar com a minha companheira de banco.

Busquei nas profundezas da mente algum assunto que não desse na cara que eu havia me interessado por ela. Porém, não encontrei nenhuma solução neste meu complicado cérebro. O motorista dirigia devagar e com prudência. Contudo, eu esperava uma barbeiragem de vossa excelência, para que eu pudesse olhar para o lado e comentar: Que cara ruim de volante, né? 

Ou talvez uma freada brusca me desse a oportunidade de perguntar se ela havia se machucado. Mas, não sei, estava tudo tão calmo naquele ônibus, que só um milagre para eu conseguir saber pelo menos o seu nome.

O bonde não estava lotado. Havia aproximadamente 20 pessoas sentadas. Um casal conversava no banco ao lado e falavam tão alto que até o motorista escutava. No banco de trás, uma garota, aparentando ter 15 anos, escutava música no seu celular, enquanto a senhora que se encontrava ao seu lado, fazia tricô. O cobrador não largava o celular e passou a viagem toda conversando com alguém.

Mas, eu era o mais sortudo daquela condução. Ao meu lado estava a garota mais linda de todas. Ela vestia uma blusinha cinza, segurava uma bolsa marrom, um caderno e dois livros. Imaginei que estivesse indo para a faculdade. Tentei olhar do que se tratavam os livros, mas a bolsa estava em cima da capa. De repente, um celular começou a tocar.  Era o dela. Abriu a bolsa e atendeu:

- Oi, mãe! Já estou chegando em Mogi. Vou fazer um trabalho na biblioteca e depois irei para a aula.

Perfeito! Ela era estudante e estava indo para a faculdade.

Estávamos sentados no meio do ônibus. Então, resolvi ir até o cobrador e perguntar qualquer coisa, deste modo, quando retornasse, estaria de frente para aqueles olhinhos. Desamarrei o cadarço do meu tênis e o amarrei em seguida. Levantei-me e fui até o cara da catraca. Falei qualquer coisa e voltei, com cara de ponto de interrogação. Ao sentar no banco, olhei para o lado e perguntei:

- Qual é o ponto mais perto do calçadão do Centro?

- Não sei, eu vou até à UMC e não conheço os pontos do Centro - respondeu.

Pronto! Não sabia o curso, mas havia descoberto qual era a faculdade que ela estudava. Todavia, faltava o principal, o seu nome! Como eu iria perguntar?

Na noite anterior eu havia raspado o cabelo na zero e estava com uma bermuda gigante e uma camisa que cabia dois Marquinhos. Olhei para o teto e refleti: e se ela gosta de um cara mais arrumadinho? Daqueles que tem aparência de bom moço? Caramba, o "busão" havia chegado na cidade e eu estava ali, na neurose, debatendo comigo mesmo umas ideias sobre uma garota que eu nunca havia visto. Dei risada sozinho. Logo em seguida, coloquei o fone no ouvido, liguei o radinho, procurei a música Mil Cairão, do Rashid, e me levantei do banco.

Antes de puxar a cordinha, tirei o fone do ouvido direito e tentei tirar mais alguma palavra daquela lindinha. Pelo menos escutaria sua voz pela última vez e desceria mais contente. Fiz uma cara de aventureiro e disse à ela que iria descer no próximo ponto mesmo, e ali perguntaria para o tiozinho da Banca de Jornal onde fica o Calçadão.

Ela me olhou, me deu um sorriso e disse que o centro de Mogi era pequeno e que rapidamente eu me localizaria. Aquela voz foi recebida como a Nona Sinfonia de Beethoven e, quando o motorista parou o carro, eu disse um tchau que há tempos não dizia. Depois andei até a porta traseira e desci as escadas lentamente. Na rua, coloquei novamente o fone e continuei o meu caminho, ouvindo um bom rap e desfrutando da imagem daquela menina que ficou gravada na minha memória.