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sábado, maio 11, 2013

O fim da linha e o começo da luz

“Nunca deixe faltar amor ao seu filho, se tem alguma coisa que pode salvá-lo, é o seu amor por ele. Nunca o abandone, vão ter muitas pessoas dizendo que não tem jeito... mas isso é mentira. Acredite em Deus e não perca a esperança. O dia do fim da luta pode demorar a chegar, mas durante os dias de batalha mostre que ele não está sozinho, pois você está com ele.”

Ela não estava dentre as pragas enviadas ao Egito, e chegou de forma devastadora ao nosso tempo. Na sutileza, ela corrói crianças, jovens e adultos, de ambos os sexos. Também arrasa famílias, aumenta a criminalidade e lota cadeias e cemitérios. Seu nome é droga!

Esta incômoda inquilina chegou até a casa de Flávio Benedito da Silva, morador de uma cidadezinha da Grande São Paulo, e resolveu morar um tempo na vida de seu filho.

"Percebi que as coisas não estavam bem. Primeiro desconfiei pelas atitudes dele. Logo depois surgiram os comentários de amigos, pois a cidade é pequena e é impossível esconder de todo mundo", conta.

Quando o problema veio à tona, Flávio já era separado de sua esposa que passou a morar em outro bairro da cidade. Pai de três filhos, ele sempre estava presente na vida de seus herdeiros, ensinando e aconselhando sobre como se deveria levar uma vida digna e longe de complicações extremas.

Devido ao pouco conhecimento sobre o assunto, a primeira reação de Flávio foi se posicionar de uma forma autoritária. O preocupado pai impôs ao filho que abandonasse de vez aquela vida, porém todas as ordens foram em vão, e o caos familiar só aumentou.

"O Renan começou a usar com 15 anos, mais ou menos. A princípio era maconha, porém terminou viciado em crack. Mas acredito que nesse percurso ele tenha experimentado outros tipos de drogas também", lamenta.

Para o pai de família, foi terrível ver a mudança que ocorreu na vida do garoto. Aquele menino que jogava bola descalço na rua, empinava pipa e rodava pião, se transformou em um jovem sem esperança, que mentia o tempo todo, inventando histórias absurdas e persuasivas.

Renan não era agressivo e nunca foi violento dentro de sua casa. Isso ajudou a não piorar a situação. O pai acredita que em nenhum momento esta situação trouxe uma possível união entre pais e irmãos, em favor do garoto.

"Tivemos muitos problemas. O irmão mais velho não aceitava de maneira nenhuma o tratamento amoroso que o irmão mais novo recebia da minha parte. Para ele, eu devia colocá-lo para fora de casa, já que as mentiras e os furtos dentro do lar eram frequentes", desabafa.

Os anos se passavam e a situação não melhorava. Até que em determinado momento, ao enxergar e compreender seu estado de dependência química, Renan entendeu que precisava ser internado em uma clínica de reabilitação.

"Entre idas e vindas, ele foi internado pelo menos umas seis vezes, mas todas por sua própria vontade. Nunca fugiu, mas abandonava, com conhecimento dos responsáveis", explica.

O pai, que nunca desistiu de seu filho comentou que a principal característica de quem está preso no mundo das drogas é a mentira, e que, apesar de ter esperanças na reabilitação de seu filho, já chegou a pensar que Renan morreria. "Claro que já pensei que o pior poderia acontecer, não tanto pela droga, mais pela vida que levava e pelas suas companhias. Ele não distinguia mais o certo e o errado, arriscava tudo para conseguir dinheiro e manter seu vício", diz.

Logo após a última internação, o garoto que já tinha 22 anos decidiu mudar de cidade e partiu para Maringá, no Paraná. Lá, ele se juntou a uma ONG cristã chamada Jocum (Jovens com uma Missão), que realiza trabalhos sociais. Neste novo ambiente, conheceu uma outra forma de levar a vida.

A distância da família o fez valorizar seus pais e irmãos, que agora vivem mais unidos do que antes. Renan virou o orgulho da família e exemplo de superação. Atualmente ele está casado, continua morando na ONG e realiza trabalhos com detentos e dependentes químicos.

Enfim, esta história ainda não teve um final, mas é possível dizer que apesar dos graves problemas, houve momentos de grandes alegrias e triunfos. Este pai que durante anos teve a vida de seu filho sequestrada pelas drogas, conseguiu reverter esta situação e trazê-lo novamente para uma vida social digna e honesta.

Um apelo que Flávio deixa aos familiares que estão passando por este grande sofrimento, é que nunca desistam:

"Não importa a sua crença. Entregue na mão de Deus, que só Ele pode resolver. Não importa clínica cara, médicos e outros tratamentos de primeira grandeza, se não partir de dentro de quem precisa ser ajudado, nada que for tentado surtirá efeito. Acredite em Deus e ame seu filho, pois o amor já é a maior ajuda que Deus te dá, uma vez que Deus é Amor", siz o pai, que é um exemplo de dedicação e persistência.


8 comentários:

  1. Impossível não ler tudo isso e não se emocionar... Orgulho de vc meu amigo Renan!!! E parabens Marquinho pelo blog, vc consegue prender nossa atenção em tudo que escreve...
    Abraços

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    1. O Flavio e o Renan construíram uma história sensacional,né?

      Jô, obrigado por sempre estar acompanhando o Blog. Abração.

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  2. ou mano loko só DEUS msm pra transformar... valew por vc e outros presenciarem o q DEUS fez e mano vc foi o cara q me apresentou o evangelho e pode ter certeza q eu jamais esquecerei disso... NÓIS Q TAH!

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    1. Ow mano, vivemos um tempo de novidade em Maringá que foi importantíssimo pra eu estar de pé até hoje. Valeu pela caminhada.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. O Flávião representou e hoje colhe os frutos de sua perseverança. Sempre será um ótimo exemplo pra todos nós aqui do CDM.

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  4. Deus é mais! E no Amor se encontra a cura para todos os males! Seu Filho é Cruz e Amor. Se as pessoas tivessem isto em mente, não desistiram nunca! Ótimo texto. Uma realidade que precisa ser lida e mais ainda, compartilhada! Parabéns! Bela atitude. Cristiane

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    1. História de superação que eu tive o privilégio de conviver na íntegra. Deus é bom e quando existe uma pessoa disponível, ele age através dela. Abração Cristiane!

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