Pai, fui no
Pacaembu e fiquei no lugar onde você me ensinou a ficar. Lembra que eu entrava
de graça porque era menor de 12? Entao, hoje com o time reserva, a gente atropelou
um timinho aí. Muito obrigado Machadinho. Aqui é o Tricolor do Morumbi. Hoje eu
cantei por mim e por você! Te amo! Saudade!
sábado, dezembro 08, 2012
quinta-feira, novembro 29, 2012
A chave do martelo
Naquele
lugar, famílias esperam a boa nova que preencha o sofrimento causado pelos
deslizes. Há expectativa e esperança em alguém que pode restabelecer a harmonia
do lar. O Invisível observa atentamente a movimentação dos quartos mais escuros
do coração e da mente. Existem sim, aqueles que decidem, mas o fato é que nesse
momento, até aquele que não crê, ao olhar para a beleza do céu azulado, fala
baixinho: se houver alguém aí, nos ajude de alguma forma.
Mas,
não sei. Só sei que é triste. Um acusa e o outro se defende. Um pergunta e o
outro escreve. Um está triste e o outro está alegre. São muitas indagações que
talvez o autor de Eclesiastes responderia que tudo é vaidade e Jó, sem saber o
que dizer, explicaria que antes só o conhecia de ouvir falar.
Quando
a brisa do fim da tarde chega ao rosto daquela mãe, uma lágrima cai devagar, e
o seu coração torna-se mais apertado. O pai se questiona: onde falhei? A
namorada, confiante, lê alguns versículos do livro de Apocalipse para se
alimentar.Em algum quarto de uma residência qualquer, um amigo se ajoelha e
ora.
A
noite chega, a angústia grita, o cachorro do vizinho late, na TV é transmitida
uma partida de futebol ou uma novela, o telefone não toca e o sono não vem.
quinta-feira, outubro 04, 2012
Entre a obediência e o bar
Era
noite e o calor estava insuportável. Para João, uma cervejinha seria perfeita para
matar a sede e refrescar o corpo, que já não aguentava mais aquela temperatura
exagerada.
Resolveu
sair e fazer um rolê
pelo bairro. Vestiu bermuda e camisa regata, despediu-se da sua mãe e desceu o morro rumo ao mercadinho da rua de baixo.
Ao virar a esquina, passou na frente do Bar Bagdá, famoso por sediar campeonatos de truco.
Olhou
para dentro com a intenção de
encontrar algum conhecido que pudesse acompanhá-lo até o seu destino, mas não
viu ninguém. Havia alguns malucos tomando cerveja e cachaça. O ambiente parecia
um pouco tumultuado. De repente, um grito veio de dentro:
- E
aí, diow? Encosta aqui pra tomar uma breja comigo.
Ele
parou e viu seu amigo Mário vindo em sua direção. O convite mataria a sua sede
e cancelaria a sua missão de ir até o mercado. Mas João não gostava de bar, seu
pai lhe havia ensinado que esse ambiente não é muito bom, principalmente quando
todos estão bêbados, pois qualquer motivo é motivo para brigas.
Apesar
do conselho paterno ter surgido em sua mente, ele refletiu:
-
Que mal poderá me acontecer? Meu pai que me perdoe, mas eu vou entrar.
Entrou
no boteco e sentou-se junto à mesa de seu amigo, que já havia bebido várias cervejas.
Conversaram bastante, relembrando situações passadas e também discutiram sobre a
última rodada do campeonato nacional de futebol. Também repararam em uma mulher
muito atraente sentada à mesa ao lado. Ela vestia uma blusinha amarela e uma
saia jeans muito curta, impossível de não notar.
Conversa
vai, conversa vem e João começou apresentar sinais de embriaguez, enquanto
Mario, já enlouquecido, se descontrolava. A moça
da mesa ao lado desfilava pelo estabelecimento a todo o momento, chamando ainda
mais a atenção da dupla.
Mário
desconfiou que a moça e o dono do bar possuíam um romance, pois escutou um
rapaz dizer: “Vá buscar mais goró pra gente! O seu namoradinho faz de graça pra
você". Porém, para o amigo de João, isso não era problema. Ele pretendia conquistar de qualquer maneira a menina
da sainha curta.
As
horas passavam e o Bagdá precisava abaixar as portas. Mário não aguentou e foi
xavecar a mina. Ao chegar perto dela, antes de falar qualquer coisa, foi
surpreendido por um soco na nuca e saiu correndo para fora do recinto, deixando
seu camarada em uma situação complicadíssima.
O
dono e mais uns cinco comparsas rodearam o pobre João, que
só tinha quinze reais no bolso.
- E
aí, safado? Pague a conta e suma daqui pra não levar um sacode - disse um
deles.
Extremamente
apavorado, João disse só ter alguns trocados, insuficientes para quitar a
dívida e que só estava ali a convite do Mário.
Também explicou que não falou nada para a moça e implorou a eles para deixá-lo
ir embora.
Enfurecidos,
não acreditaram na conversa dele e o espancaram. Entre socos, chutes e
cadeiradas, a covardia tomou conta do lugar.
Ensanguentado e desacordado, o jovem foi jogado na calçada e o bar, fechado.
Todos sumiram.
Alguns
moradores, ao verem o corpo todo arrebentado, ligaram para o Samu, que chegou
rapidamente. João foi levado ao Hospital da Misericórdia, onde foi
atendido com urgência, mas não resistiu aos ferimentos e morreu nos braços dos
enfermeiros.
Ao
receber a notícia, dona Maria, mãe de João, caiu de joelhos e gritou aos céus
perguntando a Deus o porquê de uma desgraça como essa ter alcançado o seu lar.
Seu marido, "seo" Joaquim, ficou perturbado e não entendeu o que
havia passado na mente do seu menino, que era obediente, trabalhador e recentemente
havia ingressado na faculdade, onde conseguiu uma bolsa para estudar História.
Infelizmente,
João não será um historiador, seu sonho foi interrompido por uma fatalidade.
Mário fugiu do bairro, dizem que foi morar em outro estado. Talvez esteja com
remorsos e com medo de ser a próxima vítima. A rapaziada do Bagdá continua lá,
bebendo e jogando truco. A garota atraente também segue vestindo sua roupinha
curta e gerando discórdia por onde passa.
quinta-feira, setembro 20, 2012
Uma paixão
É mais que um time de futebol,
paixão
além de qualquer entendimento,
por
mais que a vida traga mil preocupações,
são
nesses 90 minutos que mais me concentro.
Esse jogo é uma caixinha de surpresa,
onze
contra onze, um vacilo é fatal,
a
obrigação do meu time é sempre ganhar,
par ou
ímpar, clássico e partida normal.
Pela
TV eu xingo o narrador,
quase
infarto escutando pelo rádio,
chuto
a porta e grito enlouquecido pela janela,
quando
a bola entra no gol do adversário.
Mas
nada se compara em participar do ritual,
busão,
metrô, pernil, bilheteria e arquibancada,
cantar
e incentivar mesmo com o time perdendo,
com
amor e esperança que ele vença de virada.
E na
segunda-feira aloprar os rivais,
que
não suportam meu time vencendo todo ano,
e na
quarta-feira esperar por mais uma rodada,
para
gritar gol e olé do meu time Soberano.
terça-feira, agosto 14, 2012
12/08/2012 e dia dos pais.
Bom
dia pai! Aquela tarde na cabine de telefone da esquina da Seoane com a
Cañoto, a mãe me disse que você tinha ido embora. Pow, você foi cedo
demais. Mas a vida tem dessas, né? Quero te dizer que a saudade
continua. Dificil encontrar alguem igual a você pra eu comentar os
livros que terminei de ler, os filmes que acabei de assistir e os jogos
quem acabaram de se encerrar. Quando o SPFC faz gol eu já não posso
ligar pra você e comemorar. Mas, obrigado por todos os ensinamentos e
pelo amor que você me deu. Apesar de tantas brigas, foi da hora! Sinto
sua falta. Mas, para não passar esse dia especial com lágrimas de
tristeza, daqui a pouco estou indo pro Morumbi, aquele mesmo estádio que
você me ensinou o caminho, pra comemorar o seu dia e o meu aniversário.
Feliz dia dos pais!
quinta-feira, julho 12, 2012
Bastidores de uma partida
Domingo é dia de descanso, mas quando o São Paulo joga é difícil descansar. Ainda mais quando sobra uma graninha, aí o jeito é pegar o "busão" e ir para o Estádio!
Nesse último domingo (17/06/12) foi assim. O São Paulo ia receber o Atlético-MG no Morumbi. Começo de campeonato, jogo sem muitos holofotes. Mas, não tem problema, assim que é bom e contra o galo é melhor ainda.
Sempre que o São Paulo joga contra esse time de Minas Gerais, eu me lembro do Brasileirão de 1996, quando eu, meu pai, o Dodô e o Galvão fomos até Belo Horizonte e, infelizmente, passamos um dia de guerra ao redor do Mineirão.
Não gosto de lembrar esse dia. Foi uma situação tão extrema, que até hoje está gravada na memória.
Mas estamos em 2012, então, além de a partida contar com craques como Luis Fabiano e Ronaldinho Gaúcho, a diretoria do Tricolor resolveu homenagear os jogadores que conquistaram a nossa primeira Taça Libertadores da América. Era uma tarde que tinha que ser coroada com uma vitória do São Paulo.
Bom, acordei umas dez horas da manhã com a voz da minha mãe. Ela estava perguntando pro Fom que horas iríamos sair, se tomaríamos café, se ia dar tempo de almoçar. Também disse para tomarmos cuidado no caminho por que haveria outros jogos no mesmo horário, portanto, deveríamos estar atentos com as outras torcidas.
Conselhos de mãe são profecias. É bom atentar para quem sabe o que está falando.Colocamos as blusas na mochila e descemos até o ponto para esperar o "busão", que não tardou. A Dutra estava tranquila e, como eu não havia almoçado, não via a hora de chegar na Armênia e comer um pastel de carne na feira. O motorista corria bem e quando estávamos em Guarulhos, passamos por alguns ônibus da torcida do Atlético que acabavam de chegar da Fernão Dias e esperavam a escolta policial.
Olhei os ônibus parados e os "maluco" xingando os motoristas que passavam. Comecei a pensar, sobre as brigas de torcidas e sobre a disposição que alguns torcedores têm em se doar e lutar por um objetivo.
Talvez para o Sistema, é melhor acontecer conflitos entre torcidas do que uma revolta contra o Governo. Os poderosos sabem jogar, eles não são burros. Mas enfim, eu não ia brigar e estava com fome, portanto, um pastel de carne e um caldo de cana, por favor!
Depois de comer, continuamos o trajeto. Metrô, ônibus e mais vinte minutos de caminhada até o Morumbi. O clima estava tranquilo ao redor do estádio, ao contrário do meu estômago que continuava reclamando. Resolvi comer um pernil. Mas existia um grande problema. O "Rapa" estava caçando os vendedores e eu não conseguia encontrar nenhum carro que estivesse vendendo sanduiche. Até que apareceu uma senhorinha avisando que mais à frente havia uma "lanchonete muquiada". O Fom pediu dois pernis e duas cocas. Sentamos na calçada e partimos para a segunda parte do nosso almoço.
Enquanto estávamos lá no carro do lanche, chegou um pai com seu filho. Os dois com a camisa do São Paulo. O menino deveria ter uns dez anos e estava eufórico. Pediram dois “dogs” e se juntaram a nós. Fiquei observando os dois, lembrei de quando meu pai me levava para todo canto para ver o Tricolor jogar, a mente foi longe.
Novamente me perguntei se seria possível, algum dia, existir torcedores conscientes de toda a máfia que envolve o futebol moderno. Imaginei que sim, a geração do menino poderia pensar diferente e lutar por algo nobre.
Enquanto eu refletia sobre o futuro do mundo, o filho, todo contente, se levantou e começou a chutar seu pai, mas na brincadeira. O pai, com um olhar de indignação e pronto para ensinar os famosos bons modos para seu filho, disse: Moleque, para de chutar o pai. Vai até aquela árvore, imagina que é um corinthiano e comece a chutar até você se cansar.
O Fom me olhou, nos levantamos, pagamos a senhora, subimos a rampa da entrada e fomos ver o São Paulo ganhar de 1 a 0 do Atlético.
domingo, junho 24, 2012
O contra-ataque
Era dia de clássico. A rivalidade entre os dois times
ultrapassava as quatro linhas do gramado e estendia-se até as arquibancadas e
bairros da cidade. Durante a semana, os meios de comunicação colocaram essa
partida como o evento mais importante do país. Deixaram de denunciar a corrupção
nacional e o descaso da saúde pública para alienar a população com o futebol,
que, diga-se de passagem, é a paixão nacional.
Na véspera do confronto houve muita provocação entre os
dirigentes dos dois clubes. Talvez fosse uma estratégia para deixar o clássico
com clima de batalha e assim, incentivar os torcedores a comparecerem ao estádio.
Os jogadores pediam aos torcedores que lotassem todos os
espaços daquele grande templo do futebol. Alguns telejornais entrevistaram
torcedores nas ruas para mostrar como estavam seus corações em relação ao
grande duelo.
Muitas estratégias foram usadas para fazer deste clássico, assunto principal no meio da sociedade.
Finalmente, o dia chegou. Grande contingente policial nas imediações do estádio. A imprensa estava frenética. Todos estavam
ansiosos para saber quem ganharia esse importante duelo.
Na sede das torcidas organizadas de ambos os clubes,
torcedores eufóricos ao som da bateria, cantavam gritos de guerra e se preparavam
para sair rumo às arquibancadas.
Chegada a hora, guardaram as bandeiras e os instrumentos,
entraram nos ônibus e saíram.
Eram milhares de torcedores. Estavam dispostos a guerrear.
Não demonstravam medo. Portavam-se como guerreiros.
Os cidadãos que caminhavam pela calçada se espantavam com os
gritos enlouquecidos que vinham das janelas dos ônibus. Algumas pessoas até
entravam em estabelecimentos para se proteger de um eventual conflito.
Mas, apesar do clima que envolvia aquele domingo, a caravana
não seguiu o caminho que levava ao estádio. Pelo contrário, seguiu em direção ao
centro da cidade onde acontecia um protesto contra alguns políticos que desviaram
dinheiro público.
De repente, as torcidas rivais se encontraram na última
avenida que levava até à manifestação. Todos desceram dos ônibus e, ao som da
bateria e com as bandeiras levantadas, marcharam até a multidão.
Pediam justiça e diziam que estavam cansados de ver o
"circo" que é a política brasileira. Alguns, mais enfurecidos, comentavam
que havia chegado a hora de combater com as próprias forças esse "câncer"
que dominou o governo nacional.
Um pouco longe dali, no estádio, ninguém entendia o que
estava acontecendo. Os repórteres e dirigentes dos clubes se perguntavam o porquê do estádio estar vazio. Na verdade, no íntimo de cada um, havia medo. Medo
do brasileiro se libertar da alienação do futebol e resolver lutar pelos seus
direitos constitucionais.
quinta-feira, março 08, 2012
Orquestra da noite
Flores sem vida são convocadas a fazer parte daquele espaço vazio e frio,
onde a lágrima vive e o sonhador não deseja estar;
O choro é convidado a ser a música que quebra o silêncio, e desespera a alma;
Os abraços tentam consolar o inconsolável;
Os olhos fechados e os dedos entrelaçados explicam que a visita que não foi feita, não acontecerá,
E o café que é servido não será compartilhado por aquelas mãos;
O que tinha que ser dito e não foi falado, se perderá como um eco e não será escutado;
Já foi, não voltará;
Os olhos tristes gritam por um pouco de alívio;
Mas não há remédio para aquele que não é indiferente;
A não ser o tempo!
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